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HISTÓRIA

A ciência da transfusão de sangue é um dos ramos mais recentes da medicina, pois iniciou em 1900 com a descoberta dos grupos sangüíneos do sistema ABO por Karl Landsteiner. Durante a Primeira Guerra Mundial, vieram às primeiras experiências com o uso do sangue anticoagulado em citrato. Passamos a era científica das transfusões de hemoderivados possibilitando transfundir sangue compatível no sistema ABO. Os grupos sangüíneos Rh descobertos em 1940, marcaram um avanço na Imunohematologia relevando a importância dos testes pré-transfusionais e com isto transfusões de sangue compatíveis.
   Os avanços nesta área nestes últimos 100 anos, envolvendo principalmente, tecnologia e aspectos científicos do sangue, fizeram surgir uma nova especialidade, hoje conhecida como Medicina Transfusional.
   O crescimento dos conceitos e atualizações constantes desta especialidade, atualmente apresenta uma sub-especialidade que é a Medicina Transfusional em Pediatria. A importância de um profissional com conhecimentos técnicos específicos, torna-se evidente tanto para os procedimentos transfusionais realizados nos pequenos pacientes quanto para condutas mais adequadas. Em pouco mais de um século, a tecnologia apoiada em trabalhos de pesquisas permitiu uma melhor qualidade na conservação dos componentes e na produção dos derivados utilizados para transfusões.
   A especialidade avançou ainda mais com surgimento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA-AIDS), modificando rapidamente os procedimentos técnicos realizados nos Serviços de Medicina Transfusional. Passou-se a utilizar materiais descartáveis de alto custo, como bolsas plásticas para coleta do sangue total e a separação dos componentes sangüíneos por sistema fechado. O envio do plasma fresco para a produção de hemoderivados, cada vez mais purificados e isentos de contaminação por vírus e bactérias, trouxe mais segurança transfusional aos pacientes portadores de coagulopatias congênitas.
   Os avanços nos testes sorológicos, permitem hoje a utilização de métodos que identifiquem o DNA viral, encurtando o tempo da janela imunológica para Hepatite C e AIDS. As máquinas para aféreses surgem e a retirada de um componente sangüíneo em maior volume torna-se uma realidade, necessitando de um profissional capacitado para manipular máquina x doador de sangue - doação de um único componente em maior quantidade ou máquina x paciente – nas aféreses terapêuticas.
   A Biologia Molecular vem permitindo melhor estudo dos grupos sangüíneos, através de estudos das cadeias de DNA, utilizando técnicas de PCR (Polymerase Chain Reaction)- reação em cadeia pela polimerase. As pesquisas avançam e alguns fatores da coagulação por tecnologia de DNA recombinante são hoje realidade. Estudos clínicos têm demonstrado que o uso da hemoglobina carreadora de oxigênio em substituição às transfusões de hemácias ainda tem efeitos colaterais importantes. No entanto, com a continuidade das pesquisas, esta será mais uma alternativa transfusional que evitará a produção de anticorpos contra antígenos eritrocitários (alo-imunização) e mesmo nos casos de anemia hemolítica auto-imune, onde há uma dificuldade em encontrar concentrado de hemácias compatível. É a Medicina Transfusional com os olhos voltados para o futuro, sempre com o objetivo de diminuir os riscos de uma transfusão de sangue. Baseando-se nestes avanços e a vivência na especialidade, encontramos protocolos sobre indicações de transfusão que orientam o pediatra.
   Crianças com doenças como as onco-hematológicas, as hemoglobinopatias, as doenças auto-imunes, pacientes prematuros com prolongadas internações em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), pacientes que se necessitam de cirurgias, a Doença Hemolítica do Recém-nascido (DHRN) e outras que necessitam transfusões sangüíneas como suporte terapêutico, têm sempre a expectativa de cura da patologia. Portanto, o cuidado no âmbito transfusional é que elas não adquiram patologias advindas da transfusão de sangue. É de importância vital, que todo o conhecimento adquirido sobre transfusão de sangue, seus riscos e benefícios, sejam amplamente aplicados evitando complicações imediatas e tardias.
   Ressalta-se então, a importância do pediatra hemoterapeuta que além dos conhecimentos em pediatria se torna capaz de inferir nas indicações e procedimentos transfusionais nestes pequenos pacientes, com maior vigilância, objetivando sempre que os riscos de uma transfusão sangüínea sejam menores do que o de não transfundir. 

 

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